Selecionamos lugares a menos de 250 km da capital
Às vezes, viajar é muito mais do que um prazer; é também uma necessidade. Vem a calhar quando estamos cansados e precisamos deixar um pouco de lado as nossas rotinas quase sempre estressantes. E para o paulistano, que convive todos os dias com o barulho e a poluição da cidade grande, sair nem que seja só por alguns dias dessa loucura é uma chance de recarregar as energias e pegar fôlego para começar de novo.
Mas não precisamos ir muito longe para conseguir isso. Não interessa se você ama praia, se gosta de praticar esportes radicais ou se prefere um lugar tranquilo no interior – existem os destinos mais variados a menos de 250 km da capital. As opções são muitas, mas selecionamos algumas para, quem sabe, te animar a fazer as malas e fugir um pouquinho, mesmo que seja só por um final de semana.
LITORAL
Ilhabela (213 km)
Nem as picadas contínuas dos borrachudos conseguem fazer os turistas deixarem de se apaixonar por Ilhabela. Com suas praias exuberantes e lindas cachoeiras, a cidade localizada no litoral norte de São Paulo encanta principalmente os amantes do sossego e da natureza.
Fica difícil escolher a melhor entre as quase 40 praias, mas uma boa ideia para quem aprecia a tranquilidade é visitar a Jabaquara, na parte norte. Ela é a preferida do publicitário Rafael Andrade, que tem casa em Ilhabela desde 2001. “Não é super isolada, até porque existem muitos passeios de barco que vão para lá, mas mesmo assim você acaba se sentindo em uma ilha deserta, por ser um lugar tão calmo e maravilhoso”, recomenda.
Já ao sul, uma bastante famosa é a praia do Bonete, considerada pelo jornal britânico The Guardian uma das dez mais bonitas do Brasil. Por ser afastada do centro urbano, seu acesso se dá somente por mar ou por uma árdua trilha que pode levar de três a seis horas para ser concluída. Sua beleza compete com a da praia Castelhanos, no leste, formada por uma baía com 1.500 metros de extensão e uma pequena lagoa de águas cristalinas.
Para os amantes das quedas d’água, Rafael indica a Cachoeira da Lage: “para chegar lá é necessário caminhar uns 40 minutos, com subidas e descidas de tirar o fôlego, mas na linha de chegada o prêmio é um incrível conjunto de cachoeiras. Você pode escorregar em uma delas, nadar nas pequenas piscinas naturais ou simplesmente tomar um sol e relaxar”.
Depois de tudo isso, nada melhor do que dar um pulo na Vila (o centrinho de Ilhabela) para tomar o tradicional sorvete do Rochinha, provar as batatas suíças recheadas do Bartatas e, quem sabe, passar no Marakuthai, um restaurante de cozinha tailandesa localizado bem na boca da praia.
Ubatuba (234 km)
Você pode até já ter visitado Ubatuba outras vezes, mas dificilmente poderá dizer que realmente conhece o balneário. Com cerca de 100 praias, o lugar é daqueles onde sempre há algo novo a ser explorado. “Costumamos dizer que é possível passar três meses por aqui sem repetir nenhuma praia. E olha que temos praias para todos os gostos – pequena, grande, estreita, de onda, de tombo, do tipo piscina, de areia branca, escura, fofa ou batida”, brinca Natália do Valle, do site de turismo Ubatuba.com.
Para os amantes do surf, as melhores são a Vermelha e a Itamambuca. Já para quem busca calmaria, uma boa alternativa é se dirigir para as praias Picinguaba, do Camburi e do Félix. Bons destinos para as famílias, no entanto, são as praias das Toninhas e da Enseada – largas, com uma boa estrutura de restaurantes e ideais para nadar, pois praticamente não têm ondas.
Quem se cansar de água salgada e tiver disposição para encarar uma boa trilha pode conhecer a Cachoeira Água Branca. A caminhada demora três horas na ida e mais três na volta e deve ser feita com um guia, uma vez que não há sinalização. Antes de chegar nela, porém, os aventureiros têm o privilégio de ver outras quedas d’água: Poço Verde, Lago Azul, Sete Quedas e Brava.
Ainda segundo a opinião de Natália, um passeio também imperdível em Ubatuba é visitar a base do Projeto Tamar, onde turistas aprendem sobre biologia, ecologia e conservação das tartarugas marinhas. Em uma área de 2.100 m², num complexo de tanques com mais de 200 mil litros de água do mar, são expostas várias tartarugas de quatro espécies, desde pequenos filhotes até animais de mais de 120 quilos. “Nada mais relaxante do que o contato com a natureza”, resume.
AVENTURA
Boituva (117 km)
Batizada de capital nacional de paraquedismo, Boituva é o destino ideal para quem procura uma carga extra de emoção. A cidade, que tem clima bom durante o ano todo, abriga o Centro Nacional de Paraquedismo, que fica no km 116 da Rodovia Castelo Branco. “O paraquedismo exige pouco esforço físico e é um esporte apaixonante. É uma atividade prazerosa tanto pela vista que se tem lá de cima quanto pela descarga de adrenalina”, conta César Assis, diretor de eventos da Sky Radical, uma das 15 empresas que atuam no Centro.
De acordo com César, a melhor maneira de começar no esporte é o salto duplo, em que o iniciante recebe orientações durante 15 minutos e depois salta acoplado ao instrutor. Os preços variam entre R$ 400 e R$ 700, com fotos e filmagens inclusas. Já quem quiser pular sozinho precisa fazer um curso teórico que custa em média R$ 4.000 e inclui treinamento teórico e prático, possibilitando que a pessoa salte por conta própria em qualquer lugar do mundo.
Não há grandes restrições para os interessados em paraquedismo – basta ter no mínimo 16 anos e pesar até 120 kg. Existem, inclusive, escolas que realizam saltos com cadeirantes ou com pessoas que tenham outros problemas de mobilidade. “O perfil do praticante atual do paraquedismo é muito amplo, mas percebo que esta tem se tornado uma atividade cada mais de grupos. Familiares e amigos se reúnem para saltar juntos, o que é possível porque cada avião leva até 15 paraquedistas, contando com os instrutores”, diz.
Não tem coragem? Tudo bem. Boituva também oferece aventura para quem não é lá muito adepto a pular de um avião e aguardar pela queda livre. Uma boa alternativa nesse caso são os passeios de balão, que duram em média uma hora e podem ser feitos em grupos de dez a doze pessoas. Os voos chegam a 1500 metros de altitude, uma altura perfeita para observar as fazendas e as cidades do entorno. Na empresa Playmobil de Mobilismo, o custo em um grupo de até oito pessoas é de R$ 299 por pessoa. Para um passeio exclusivo, com até três pessoas, o valor sobe para R$ 1.200, total.
Socorro (135 km)
Cada vez mais turistas visitam Socorro todos os anos. Mas engana-se quem pensa que o motivo disso é a tranquilidade do interior. Por oferecer lindas paisagens, cachoeiras e corredeiras, a cidade se transformou em um oásis para quem procura praticar esportes como rafting, bóia-cross, rapel, arvorismo e tirolesa.
Segundo Charles Gonçalves, membro do Conselho Municipal de Turismo, as razões que levaram Socorro a ser um lugar ideal para o turismo de aventura são muitas: proximidade de São Paulo, boas estradas com pedágios a preços baixos, lindas paisagens de montanha por conta da Serra da Mantiqueira e ótima infraestrutura para hospedagem. Isso além de um fato essencial para os esportes aquáticos: o rio do Peixe é considerado o mais desafiador de São Paulo – com nível de dificuldade acima de Brotas em tempos de cheia.
O esporte mais procurado na região é o rafting. Uma das empresas da região é a PróximAventura Canoar, que oferece quatro pacotes, todos possíveis para iniciantes. Por preços que vão de R$ 75 a R$ 130 por pessoa, é possível se aventurar no Rio do Peixe de dia ou de noite, em um percurso de cinco ou sete quilômetros. Os valores para quem optar por fazer rapel ou arvorismo são ainda menores – R$ 75 e R$ 45, respectivamente.
No fim do dia, que tal circular pelo centro da cidade, carregado de história graças a seus casarões antigos? E, se ainda tiver pique, aproveite para comprar malhas em promoção – o município conta com cerca de 400 malharias.
CALMARIA
Monte Verde (167 km)
Apesar de ser um dos destinos mais famosos no Brasil para curtir o inverno, Monte Verde é um local encantador em qualquer época do ano. Durante o verão as temperaturas nunca passam dos 30°C e os turistas podem apreciar o ar fresco da Serra da Mantiqueira enquanto circulam por um lugar mais vazio e com preços bem inferiores aos praticados durante a temporada de junho a setembro.
O distrito, que tem esquilos simpáticos e casais apaixonados por toda a parte, ganhou fama não só pelas belas paisagens montanhosas, mas também por suas opções gastronômicas. Na charmosa rua principal, pequenos comércios de produtos como queijo, goiabada e cachaça disputam espaço com restaurantes de cozinha mineira, alemã, italiana e portuguesa. Isso sem falar nas diversas cafeterias que vendem barrinhas de chocolate artesanais, doces e tortas de origem europeia.
A analista de compras Tamires Romeiro já visitou Monte Verde quatro vezes e foi lá que recebeu seu pedido de casamento. Entre tantas opções de lazer, uma de suas recomendações é provar o chope artesanal do Fritz e fazer o tour pela fábrica, que ensina todo o processo de fabricação da cerveja. “Para fechar, é essencial tomar um chocolate quente no Montanhês”, destaca.
Já para quem acha que descansar não é sinônimo de ficar parado, o destino oferece trilhas que levam a pontos com vistas incríveis, de até dois mil metros de altitude. Tem, ainda, um espaço de patinação que só fecha em dezembro para manutenções. “A pista é bem bacana e o gelo é de verdade. Adorei”, lembra Tamires.
Holambra (140 km)
A capital nacional das flores deixa suas origens bem claras logo no nome: Holambra é resultado da união das palavras Holanda, América e Brasil. Nada mais justo, afinal, praticamente tudo na cidade remete ao país europeu: o Moinho Povos Unidos, o maior da América Latina; as docerias e os restaurantes típicos; o Museu Histórico e Cultural, onde os visitantes se aprofundam na história da imigração holandesa; a arquitetura das casas e muito mais.
“Holambra tem doze mil habitantes e é uma cidade acolhedora por natureza. No centro da temos três lagos e inúmeras praças, que chamam para uma caminhada ou para uma pedalada, já que na Holanda muitos são adeptos à bicicleta. O ambiente é bem relaxante, com todo o aconchego do interior somado à cultura holandesa”, diz Armando Carrasco Jr., turismólogo e concierge do Parque Hotel Holambra.
As flores, é claro, não poderiam ficar de lado. O famoso megaevento Expoflora acontece anualmente em setembro, mas há inúmeras floriculturas e propriedades abertas para visitação o ano inteiro. Nelas os turistas têm o prazer de ver belos exemplares de tulipas, orquídeas, gérberas, rosas, entre outras, além de conhecer a fundo seu processo de produção. Com tanta beleza e tranquilidade, o difícil será deixar a cidade mais holandesa do Brasil.